terça-feira, 2 de outubro de 2012

Monstro.

A mente dele sempre foi dividida em duas. Duas partes distintas que se completam. Cada parte com ideais opostos mas sempre em sintonia. As duas partes sempre estavam em guerra, só pra ver quem dominava o ser. Logo, seu humor era variação de qual parte da mente estava dominando-o, ora a racionalidade, outrora a sensibilidade.

Com o passar da vivencia do ser, as duas partes passaram a conviver com o ambiente externo e suas variações também. Agora, em vez de lutarem apenas entre si, precisavam lidar com os efeitos de fora. Sendo assim, decidiram fortalecer a mente do ser, criando uma fortaleza quase impenetrável, onde poderiam  disputar entre si, sem se preocupar com o mundo la fora.

Algumas coisas afetavam o interior da fortaleza, mas nada diretamente. Era como o frio do inverno que castiga a casa de campo. Os internos percebem que lá fora faz frio mas ali, dentro do casebre, estão a salvo das condições inóspitas.

Mas como nenhum sistema consegue se manter totalmente isolado, eles precisaram abrir brechas pra algo, ou alguém. Escolheram uma pessoa que parecia de confiança, e na verdade é mesmo. Esperaram um certo tempo até ver se ela realmente era a pessoa certa e então decidiram-se. As trocas de informação, idéias, carinho e afeto entre as mentes era espetacular, tudo parecia dar certo.

Só que depois de um tempo tudo ficou confuso e a outra mente começou a machucar a mente do ser. As duas partes não tinham o que fazem. Tinham baixado suas defesas para aquela mente de tal forma que a única forma de se defender era se esconder no lugar mais fundo e sombrio da fortaleza e esperar. Esperar aquela mente ir embora ou esperar que ela se tornasse amigável e compreensiva. Pensaram em esquecer a existência dela e simplesmente continuar a viver, mas não era assim tão simples. Ela andava por todos os lados da fortaleza, aonde quer que fossem. Estavam sendo sufocados.

De repente uma ídéia surgiu, um plano de contingência. Tinham numa caixa um monstro guardado, um monstro que nunca deveria ser usado, mas a situação pedia medidas drásticas. Um monstro chamado raiva.  Uma vez solto, o monstro só pensa em devorar e causar sofrimento à outra mente.

O monstro está a solta. Só não se sabe quando a fera se voltará contra o criador...

Um comentário:

Molly disse...

Hoje você escreve muito melhor do que quando começou o blog :) não que você escrevesse mal, mas evoluiu bastante. Gostei muito desse texto. Um dia vou passar aqui com calma e ler todos eles.

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