Outra noite. Uma das milhares que eu já tinha perdido. Bares e casas noturnas eram tão comuns que eu passei a tentar descobrir um padrão entre elas. Algo só pra passar o tempo. E quem eu queria enganar? Eu procurava algo que nunca tinha e parecia que não ia achar. Era simples.
Naquela noite eu fiquei muito tempo sentado no balcão do bar, conversando com o bar-man, com alguns garçons. Talvez fosse minha terceira dose, ou quarta. Quem sabe a quinta. Não tinha mais certeza de coisas assim. Se me perguntassem responderia como sempre: "Não faça perguntas difíceis, meu camarada!".
Sexta-feira era sempre igual. Mesmo bar, mesmo pessoal, eu sempre ali observando sozinho. Uma ou duas moças sentaram do meu lado, tentaram puxar assunto comigo, conversinha boba. Nada dava certo. Como era outra noite improdutiva e quieta acabaria indo embora depois daquele drink, talvez mais um, mas o importante é que pra mim a noite estava no final.
De repente outra moça veio. Sentou e começou a conversar com o bar-man. Depois direcionou o assunto pra mim e eu não tinha outra alternativa se não dar respostas evasivas e curtas. Do nada me pego num diálogo elaborado com a senhorita que era muito bonita por sinal.
O papo correu, por duas ou três horas, meio travado e se soltando conforme aos poucos. O mesmo pra mim. Aquilo era raro. Na hora certa a levei pra casa. Pra minha casa. Botei o velho disco de Jazz que há muito tempo já não ouvia e a princípio tudo deu certo.
Ao acordar pela manhã me deparo com um café da manhã preparado e em cima da mesa um guardanapo com um beijo de batom. Nada dela. Tão perto e tão longe. Me fez começar a pensar. Agora não saio mais. Não sei se é por medo de encontrá-la nos braços de outro. Ou se espero muito encontrá-la no primeiro lugar que for. Mas só sei que a lembrança me completa toda noite.
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