quarta-feira, 24 de outubro de 2012

VL-216

Tarde
Trem
Tu vai demorar?
To chegando

Metrô
Muita gente
Mas como você demorou
Meu trem atrasou

Caminho
Cansado
Como tem gente aqui
Calma que tem mais

Esquerda
Escada
Eu to com frio agora
Eu te disse

Atrasado
Adiantado
Aqui que a gente desce?
Ainda não

Ontem
Ônibus
O condutor que fala?
Oi?

Distância
Diária
Depois você me abraça?
Depois a gente vê isso

Saudade
Sem piedade
Se eu for embora, você vai sentir minha falta?
Será que da pra falar de outra coisa?

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

From blue to red.

E no arco-íris da minha vida 
O violeta das flores que te dava, nos passeios de parque aos domingos de sol.
O azul dos teus olhos, infinitos olhos, nos quais eu me perdi da vida.
Verde das folhas que caiam na nossa cabeça, embaixo da mangueira frondosa de galhos longos, no mesmo parque de domingo.
O amarelo do loiro do seu cabelo, cabelo cheiroso e macio.
O alaranjado dos gumes de mimosa da sua casa no subúrbio aonde brigávamos todas as noites, sem motivo, sem perdão. 
E o vermelho do teu sangue, que escorria pela porta, que estava em minhas mãos culpadas.

It's not true.

A verdade é que...
não escrevi música alguma pro amor da minha vida.
não desenhei o busto da menina que eu mais admiro.
não cantei canções de amor pensando em alguém.
nao pensei em comprar presentes
não mandei cartas
não chorei por alguém
não liguei só pra saber como ela tava
não desliguei o telefone pra saber se ela ligaria de volta
não segui ela nas redes sociais
não tive ciúmes dos amigos dela
não tive ciúmes dos irmãos dela
não tive vontade de estar com ela
não pensei em nenhum momento em beijá-la naquela arvore que nós nos beijamos pela primeira vez
não tentei voltar a falar com ela
não fui ignorado
não cruzei a minha cidade, ou a cidade dela, só pra vê-la mais uma vez, talvez a última, talvez a primeira
não amei beijá-la sob o céu estrelado, nublado ou ensolarado
não tive medo
não fugi
não morri de amor

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

The time.

Nunca é tarde demais. Nunca é tarde pra perdoar. Nunca é tarde pra pedir perdão. Nunca é tarde pra mostrar amor. Nunca é tarde pra deixar de mostrar amor.

Nunca é tarde pra desistir. Mas existe um momento certo para de desistir, em qualquer coisa. Na guerra chamam de retirada estratégica.

Mas é considerado desistência se o que você procurava começa a ser contra o que você acredita?

Se é certo seguir o que você acredita, não pode ser considerado "covardia" quando algo simplesmente deixa de fazer sentido na sua cabeça, quando água mole em pedra dura tanto bate que percebe que nada acontece.

Não é uma crítica a ninguém senão eu mesmo. As vezes você acredita que a persistência é a "salvação" dos problemas, quando você está "utilizando a propriedade certa na equação errada". E foi ai que me peguei, sendo tolo e acreditando em algo que não existe no local em que eu estava procurando. Talvez eu estivesse tentando criar algo que não existisse (The Selfish Song), talvez fosse isso, talvez por pena de ver algo "vazio", "oco", sem motivos especiais pra viver, sem carinho especial. Não sei o motivo ao certo, são só especulações, e agora nem faz mais sentido pensar nisso também.

É a hora certa de deixar a corrente levar o barco para onde ela quiser, hora de jogar os remos fora e simplesmente aproveitar a viagem que um dia, com certeza, irá acabar.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Monstro.

A mente dele sempre foi dividida em duas. Duas partes distintas que se completam. Cada parte com ideais opostos mas sempre em sintonia. As duas partes sempre estavam em guerra, só pra ver quem dominava o ser. Logo, seu humor era variação de qual parte da mente estava dominando-o, ora a racionalidade, outrora a sensibilidade.

Com o passar da vivencia do ser, as duas partes passaram a conviver com o ambiente externo e suas variações também. Agora, em vez de lutarem apenas entre si, precisavam lidar com os efeitos de fora. Sendo assim, decidiram fortalecer a mente do ser, criando uma fortaleza quase impenetrável, onde poderiam  disputar entre si, sem se preocupar com o mundo la fora.

Algumas coisas afetavam o interior da fortaleza, mas nada diretamente. Era como o frio do inverno que castiga a casa de campo. Os internos percebem que lá fora faz frio mas ali, dentro do casebre, estão a salvo das condições inóspitas.

Mas como nenhum sistema consegue se manter totalmente isolado, eles precisaram abrir brechas pra algo, ou alguém. Escolheram uma pessoa que parecia de confiança, e na verdade é mesmo. Esperaram um certo tempo até ver se ela realmente era a pessoa certa e então decidiram-se. As trocas de informação, idéias, carinho e afeto entre as mentes era espetacular, tudo parecia dar certo.

Só que depois de um tempo tudo ficou confuso e a outra mente começou a machucar a mente do ser. As duas partes não tinham o que fazem. Tinham baixado suas defesas para aquela mente de tal forma que a única forma de se defender era se esconder no lugar mais fundo e sombrio da fortaleza e esperar. Esperar aquela mente ir embora ou esperar que ela se tornasse amigável e compreensiva. Pensaram em esquecer a existência dela e simplesmente continuar a viver, mas não era assim tão simples. Ela andava por todos os lados da fortaleza, aonde quer que fossem. Estavam sendo sufocados.

De repente uma ídéia surgiu, um plano de contingência. Tinham numa caixa um monstro guardado, um monstro que nunca deveria ser usado, mas a situação pedia medidas drásticas. Um monstro chamado raiva.  Uma vez solto, o monstro só pensa em devorar e causar sofrimento à outra mente.

O monstro está a solta. Só não se sabe quando a fera se voltará contra o criador...